sexta-feira, 6 de março de 2009

NATUREZA E CULTURA



HOMEM E SOCIEDADE – TOLERÂNCIA COM A DIVERSIDADE



Na próxima sexta-feira (06) enfrentaremos em sala de aula nossa primeira atividade avaliativa. Trata-se de um trabalho pré-anunciado pelo Professor Luis Carlos Carvalho de Oliveira (Homem e Sociedade) e que terá como objeto para fonte de pesquisa (assim creio, pesquisa) a apostila NATUREZA E CULTURA.

Estudei o material proposto, à exaustão, e confesso: o conceito de CULTURA vai muito além de tudo o que aprendi ou divaguei até hoje.

Somente a título de colaboração postarei aqui uma síntese do meu entendimento a fim de contribuir, de alguma forma, para o estudo e compreensão dos colegas sobre o inteiro teor da apostila – um verdadeiro escoadouro de conceitos e de ampla acepção do tema apregoado.

O compêndio de textos e conceitos, em uma primeira leitura, nos remete a uma situação de profunda confusão, dando-nos uma falsa idéia de redundância do tema e de ciclos abusivos e intermináveis. A sensação, de princípio, é a de estarmos dando voltas e mais voltas numa floresta, retornando sempre ao ponto de partida: a CULTURA.

Estou meio enferrujado, creio eu, distante que vivo há muito dos meios acadêmicos e da metodologia científica de aprendizado. Entretanto, em uma segunda incursão pelo texto, grifei-o por assuntos, tipos de conceitos, textos ilustrativos e, concluído o desfragmento, fiquei perplexo diante da profundidade do assunto e fascinado pela gama de informações ali contidas.

Espero que minha resenha (ou escorço se preferir) possa ajudar-lhes em igual intensidade a que me permitiu à compreensão da discussão.


ESQUELETO


O texto impresso nada mais é que um verdadeiro banquete de conceitos, lógicas e sínteses antropológicas à cerca da NATUREZA E CULTURA que envolve o Homem e todos os elementos à sua volta.

O autor, Paulo Sérgio do Carmo (formado em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e mestre em Filosofia pela PUC de São Paulo) discorreu pelo tema central dessecando-o por vários anglos e ou compartimentos de entendimento, a saber:

01 – Conceitos de Cultura.

O autor conceitua o termo CULTURA e também inicia um paralelo com o objetivo de nos convencer sobre as razões da inexistência de CULTURA nas sociedades animais.

02 – Instinto e Aprendizado.

Neste tópico há uma tentativa explícita e antropológica de delimitar as ações instintivas praticadas em sociedade e aquelas provenientes do processo de aprendizado. Mais uma vez registramos aqui novos conceitos de CULTURA e de diferenças entres as sociedades humana e animal. Verifica-se também uma rápida abordagem sobre a formação da personalidade humana.

03 – O Processo Educacional.

Transcorre o tópico sobre a tese da EDUCAÇÃO enquanto recurso e instrumento universal para a transmissão da herança cultural e difusão dela.

04 – Etnocentrismo.

Trata da tendência do Homem em menosprezar sociedades ou povos, cujos costumes divergem dos da sua própria sociedade ou povo.

05 – Raça e Cultura.

Capítulo argumentativo que busca desqualificar a tese de que o Homem já nasce biológica e geneticamente predisposto a determinados comportamentos.

06 – Linguagem e Símbolos.

Nesta seção o autor nos remete aos itens 02 e 03, dando maior detalhamento ao processo de EDUCAÇÃO e APRENDIZADO, assim como ratificando com novos exemplos as diferenças entre o Homem e os demais animais.


FRAGMENTOS


Em função da repetição da abordagem dos mesmos temas em vários tópicos, o que em minha opinião imprimiu ao texto um nível elevado de dificuldade de entendimento, tomei a liberdade de desagrupar todas as informações e recatalogá-las de forma mais simplista, as quais passo a transcrever conforme o produto final de minha resenha pessoal de estudo.


O QUE É CULTURA?


Muita gente usa a palavra CULTURA para designar os conhecimentos formais e ou eruditos. Assim diz-se de uma pessoa CULTA ou INCULTA para indicar se ela tem ou não muitos conhecimentos.

CULTURA vem do LATIM (colere) que significa CULTIVAR, CRIAR, TOMAR CONTA e CUIDAR. Daí encontramos, por exemplo, a origem para o termo AGRICULTURA: o CUIDADO do ser humano com a Natureza.

NATUREZA, sob a ótica da antropologia, É TUDO AQUILO QUE EXISTE FORA DO HOMEM.




CONCEITOS DE CULTURA


Lendo atentamente toda a apostila, encontraremos vários conceitos para o termo CULTURA, os quais passo a enumerar:

01 – Sinônimo de CIVILIZAÇÃO.

02 – Indica a totalidade daquilo que é aprendido e compartilhado pelos indivíduos como membros da sociedade.

03 – Consiste nas idéias e nos padrões de comportamento que os integrantes de uma sociedade aprendem através da linguagem e de outras formas de interação simbólica – seus costumes, hábitos, crenças e valores, os pontos de vista comuns que os congregam como entidade social. (James Glynn, sociólogo).

04 – Compreende desde utensílios materiais, “artefatos, bens, processos técnicos”, quanto não-materiais, “idéias, hábitos e valores herdados”. (Bronislaw Malinowski, antropólogo polonês).

05 – Herança social adquirida dos nossos antepassados.

06 – Ela nasce do trabalho do homem em sociedade, o qual transforma a natureza para satisfazer suas necessidades.

07 – É tudo o que resulta da criação humana para responder aos desafios da natureza. Sua missão é buscar suprir as necessidades humanas. (Conceito sociológico).

08 – As atividades culturais não se limitam somente a fins práticos. O vestuário, por exemplo, serve para nos proteger dos rigores do clima e, também, tem a função moral (decoro) e estética (padrões de gosto).

09 – É um modo de vida e de pensamento transmitidos de geração a geração de forma cumulativa, ensinada pela educação.

10 – É tudo aquilo que se acrescenta à natureza.

11 – É a criação do Homem.

12 – Não há pessoas incultas, a não ser que jamais tenham compartilhado de um grupo humano.




O HOMEM E OS OUTROS ANIMAIS


Em todo o conteúdo do texto fica claro a preocupação do autor em conceituar e arguir sobre os pontos, teses e constatações que efetivam as razões da supremacia humana sobre os demais animais existentes.

Presentes nos capítulos 1, 2, 4 e 6, transcrevo na sequência as abordagens que tratam do assunto em epígrafe (não necessariamente na ordem exposta na apostila).

01 – O ser humano se diferencia dos outros animais pela comunicação oral e a habilidade de fabricação de instrumentos, capazes de tornar mais eficiente sua ação no mundo.

02 – O homem, e isso o difere dos demais animais, é o único ser produtor de cultura.

03 – No caso dos animais, suas ações têm raízes unicamente no INSTINTO. Espécies como chimpanzés, bugios, babuínos e outros são menos coagidos pelo instinto e possuem considerável capacidade de aprender. Entretanto, seu comportamento e desenvolvimento social são limitados, devido à ausência de cultura, deficiência que procede, em grande parte, da sua inabilidade em aprender ou adquirir uma linguagem simbólica complexa.

04 – O homem age sobre seu ambiente transformando-o de acordo com seus desejos. O animal apenas ajusta-se a ele.

05 – Mas no caso do Homem, o que nele é INATO e o que é fruto de APRENDIZADO? A antropologia reconhece que o Homem depende muito de seu equipamento biológico. Embora funções vitais, como alimentação, sono, respiração, atividade sexual etc., sejam comuns a toda à humanidade, a maneira de satisfazê-las varia de uma cultura para outra.

06 – O Homem possui a capacidade de aprender que o distingue de outros animais. Tem impulsos e necessidades – fome e comida, sede e bebida, libido (no emprego freudiano) e satisfação sexual, bem como reações emocionais – cólera, medo, amor, ódio.

07- Os animais utilizam-se de meios simples de comunicação, tal como ocorre na sinalização da presença de inimigos ou da descoberta de alimento, em algumas espécies, mas não têm uma linguagem que possa ser usada para transcender a realidade material imediata. Alguns insetos realizam “danças” complexas, porém elas estão fixadas pelo instinto e estão restritas a determinados atos, como o acasalamento. O animal não conhece o símbolo, que é algo, para nós, universal, convencional e flexível. A rudimentar linguagem animal visa à adaptação a uma situação concreta, vivida no presente, enquanto a linguagem humana intervém de um modo que se abstrai da situação, ampliando-se para além de cada momento.

08 – Distinguindo-nos dos animais, somos caracterizados fundamentalmente como seres que falam, e a palavra nos transcende do mundo da experiência imediata, tornando-nos capazes de reorganizar esse mundo numa outra dimensão e lhe dar novo sentido.




FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE HUMANA


01 – O biológico de cada pessoa influencia na formação de sua personalidade, que não é simplesmente o resultado da adição da cultura, e sim o produto de uma complexa interação de indivíduo e sociedade.

02 – Segundo o antropólogo Roberto da Mata, a personalidade forma-se a partir de 3 dados essenciais:

1. DODO BIOLÓGICO – traços que resultam da herança genética (ex: saúde boa ou má).

2. HISTÓRIA PESSOAL – modo pelo qual o indivíduo desenvolve sua vida no seio d sociedade e pelo qual realiza ou não seus interesses e motivações.

3. APRENDIZAGEM SOCIAL – retransmissão pela sociedade à criança de regras de conduta.

03 – A personalidade humana tem muito pouco de INATO (que já nasce com a gente, herança genética). Agimos mais de acordo com as nossas aquisições no ambiente social. Algumas pessoas e correntes defendem que aquilo que desenvolvemos ao longo da vida é DOM, e que os talentos trazidos pelo indivíduo ao nascer formam a sua personalidade. Outros e outras correntes dizem que não, que o importante é a EDUCAÇÃO, pois, ao nascer, o indivíduo é uma matéria quase informe, bastando uma boa formação educacional para moldar a sua conduta. Sem decidir por uma ou outra explicação ou corrente de pensamento, o importante é compreendermos os mecanismos pelos quais o indivíduo recebe da sociedade elementos que constituirão parte de sua personalidade.

04 – “Meu filho tem muito jeito para a música, pois herdou esta qualidade de seu avô”. Trata-se de uma falsa teoria (FALSA TEORIA DE LOMPROSO). É um equívoco pensar que já nascemos biologicamente predispostos a determinados comportamentos. Mais que HERDEIROS DA RAÇA, o ser humano é resultado do meio cultural em que foi socializado.




ADEQUAÇÃO BIOLÓGICA DO HOMEM AO SEU HABITAT


Os seres humanos podem, também, ajustar-se, ou melhor, adaptar-se biologicamente ao ambiente, mas só ao longo de milhares ou milhões de anos, como foi, por exemplo, o caso dos esquimós.

Os esquimós são de estatura baixa, bem formados e fortes, com uma camada de gordura mais espessa nas partes do corpo que ficam expostas ao frio, como bochechas, pálpebras, mãos e pés.




EDUCAÇÃO E LINGUAGEM


01 – SOCIALIZAÇÃO é descrever o processo pelo qual o indivíduo aprende sua cultura, interiorizando as normas e os valores da sociedade que vive. A EDUCAÇÃO é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas porque ajuda a garantir a sobrevivência delas, uma vez que colabora decisivamente para a transmissão da herança cultural aos jovens.

02 – EDUCAÇÃO é o processo pelo qual a herança social de um grupo é transmitida de uma geração para outra. A criança se torna socializada, aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu.

03 – SOCIEDADES PRIMITIVAS. Nelas a Educação ocorre pelo contato da criança com os pais, parentes e companheiros de brincadeira. A aprendizagem se dá através da observação, imitação e estimulação.

04 – SOCIEDADES COMPLEXAS. Instituições tradicionais (ex: escola) garantem a transmissão do legado cultural, também de maneira mais complexa.

05 – O processo de transmissão do legado cultural (Educação) faz com que cada nova geração não precise redescobrir o que já foi aprendido. O conhecimento é conservado e se estabelece a base para a vida comunitária, em sociedade.

06 – A Educação introjeta na criança costumes e crenças sociais. “Toda educação consiste num esforço contínuo para impor à criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela não chegaria espontaneamente”.

07 – CULTURA DE UM GRUPO. É a soma de todos os objetos, conhecimentos, maneiras de fazer, hábitos, valores e atitudes que cada geração transmite para a seguinte. (Conceito antropológico).

08 – A cultura é aprendida e transmitida através da comunicação principalmente na forma de línguas. Em seu sentido amplo, a linguagem engloba a língua, a fala e a palavra (o signo), bem como todos os códigos não verbais.

09 – A linguagem é inseparável da cultura, e esta se utiliza daquela para ser transmitida e desenvolvida.

10 – Os animais utilizam-se de meios simples de comunicação, tal como ocorre na sinalização da presença de inimigos ou da descoberta de alimento, em algumas espécies, mas não têm uma linguagem que possa ser usada para transcender a realidade material imediata. Alguns insetos realizam “danças” complexas, porém elas estão fixadas pelo instinto e estão restritas a determinados atos, como o acasalamento. O animal não conhece o símbolo, que é algo, para nós, universal, convencional e flexível. A rudimentar linguagem animal visa à adaptação a uma situação concreta, vivida no presente, enquanto a linguagem humana intervém de um modo que se abstrai da situação, ampliando-se para além de cada momento.

11 – Toda linguagem é um sistema de signos regido por convenções sociais. O signo é algo que está no lugar do objeto que ele representa.

12 – O nome, ou a palavra, é símbolo dos objetos que existem no mundo natural e das entidades abstratas que só tem existência no nosso pensamento.

13 – O simples pronunciar de uma palavra representa, isto é, torna presente à nossa consciência o objeto a que ela se refere. Não precisamos mais da existência física das coisas: criamos, por meio da linguagem, um mundo estável de idéias que nos permite lembrar o que já foi e projetar o que será. Assim é instaurada a temporalidade no existir humano. Pela linguagem, o ser humano deixa de reagir somente ao presente, ao imediato, passa a poder pensar o passado e o futuro e, com isso, a construir o seu projeto de vida.

14 – Por meio das palavras, podemos transmitir o conhecimento acumulado pela sociedade. Podemos passar adiante, como herança social, essa construção da razão que chama cultura.

15 – LEGADO CULTURAL PELAS ARTES. Além da literatura e do teatro, as artes plásticas (pintura, escultura) e a música são outros meios de comunicação que transcendem o alcance das palavras. Cada povo expressa seus ideais e sentimentos por meio da arte, e esta, como tal, dá forma à experiência e às metas traçadas pelo ser humano. A expressão artística permite ao ser humano ver-se, conhecer-se, comunicar-se consigo mesmo. Sentimos a necessidade de exteriorizar a imagem que temos em mente (fantasia, imaginação) deixando o testemunho de nossa experiência mediante formas concretas que figuram nossa realidade interior e exterior.




ETNOCENTRISMO E DIFUSÃO CULTURAL


01 – ETNOCENTRISMO. É a crença em considerar a sua própria cultura como o padrão e o modelo para todas as outras. Não significa o mesmo que nacionalismo. A convicção na superioridade cultural do seu grupo pode incluir o orgulho por sua comunidade, cidade natal, escola, ou Estado. Essa crnça pode tomar formas perigosas e socialmente destrutivas como o RACISMO, a INTOLERÂNCIA RELIGIOSA e o PATRIOTISMO FERVOROSO e BELIGERANTE (de bélico / guerras).

02 – O fato de que as pessoas vêem o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar os seus modos de vida os mais corretos, naturais e dignos. Tais tendências são responsáveis, em seus casos extremos, pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. Na verdade NÃO EXISTE UMA CULTURA SUPERIOR À OUTRA. O que existe são DIFERENÇAS CULTURAIS.

03 – Entre os séculos XVI e XVIII quem não pertencesse, por exemplo, à comunidade européia era considerado SELVAGEM ou NATURAL. Enquadrava-se neste conceito todos os que mostravam ausência de religião cristã, aparência física (nudez), hábito alimentar de comer carne humana (canibalismo) e língua incompreensível.

04 – MAUS SELVAGENS. Visão de alguns europeus da época que viam nos povos colonizados por eles em outros continentes, a exemplo dos índios brasileiros, povos concebidos como seres sem moral, sem religião, sem lei, sem escrita, sem consciência, sem razão, sem arte, sem passado, sem futuro histórico, etc. A infelicidade estaria neles, nos nativos selvagens.

05 – BONS SELVAGENS. Outros relatos, entretanto, opõem-se a concepção anterior. Nestes, retrata-se o homem primitivo (colonizado) como BONS SELVAGENS. Em suas viagens, o navegador italiano Américo Vespúcio (1454-1512) descreve a nudez, a beleza e o corpo elegante do nativo. Cristóvão Colombo (1451-1506) os vê muito mansos e ignorando o que seja o mal. Há aqui uma inversão de visão, pois esta corrente vê a infelicidade não nos nativos selvagens, mas no povo europeu.

06 – Mas em todos os dois casos (do Mal e Bom Selvagem), o outro ( o selvagem) não é levado em consideração em si mesmo. É o civilizado que se olha através do outro para valorizar-se ou desvalorizar-se.

07 – DIFUSÃO CULTURAL. Grande parte dos padrões culturais de um dado povo não foram criados por um processo natural (inventados por aquele povo especificamente). Foram copiados ou adaptados de outros povos, são empréstimos de padrões, importações de padrões.

08 – DIFUSÃO DE TÉCNICAS E NÃO DE VALORES. É mais fácil difundir técnicas do que valores a outros povos de culturas diferentes. Mentalidade, religião ou costumes estão mais profundamente enraizados nos membros de um grupo do que, por exemplo, sua maneira de produzir um objeto.

09 – ETNIA. Características culturais próprias de um grupo (sua língua, religião, costumes, etc.).

10 – ATITUDE ETNOCÊNTRICA. É conceber a nossa visão de mundo como o centro de tudo. Todos os outros são classificados e comparados em relação aos valores de nosso grupo, ou seja, aos nossos valores. É como se o eixo da Terra passasse exatamente por nossa cidade natal. (risos).

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